Edição do dia 31/03/2011
31/03/2011 21h49 - Atualizado em 31/03/2011 22h29
Nos aeroportos de Salvador, Cuiabá e Porto Alegre, não foi gasto nem R$ 1 com reformas.
Esta quinta-feira (31), último dia do mês de março, foi uma data simbólica nos preparativos para a Copa do Mundo de 2014. E o repórter George Guilherme quem mostra por quê.
Foi no dia 30 de outubro de 2007 que a Copa de 2014 começou, oficialmente, para o Brasil. Do anúncio até a abertura do mundial, dia 11 de junho de 2014, 80 meses para o país se preparar. Mais da metade deste tempo já passou. Faltam 39 meses para a Copa.
"Estamos na metade do tempo, acabou o primeiro, vai começar o segundo, mas com poucas realizações no primeiro tempo", criticou o presidente do Sindicato da Arquitetura e da Engenharia, José Roberto Bernasconi.
Segundo o Comitê Organizador da Copa, 10 dos 12 estádios estão com o cronograma em dia para receber os jogos do Mundial.
São Paulo e Natal são as exceções. As obras ainda nem começaram. Para a Copa das Confederações, em julho de 2013, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre estão com o sinal verde.
Brasília, Cuiabá, Fortaleza, Manaus, Recife, Rio de Janeiro e Salvador precisam readequar o cronograma para terminarem as obras a tempo do torneio que antecede o Mundial.
Esta semana, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, criticou o andamento da preparação brasileira. Ele disse que a África do Sul estava mais adiantada do que Brasil a três anos do mundial.
De fato, a 39 meses da Copa de 2010, os cinco estádios novos e mais o Soccer City, que foi completamente reconstruído, já estavam em obras. Mas todos eles só ficaram prontos depois da Copa das Confederações, disputada em junho de 2009.
“É perfeitamente factível que todos os projetos que eu tenho visto fiquem prontos. Aqueles que forem para a Copa do Mundo estarão prontos, e aqueles da Copa das Confederações deverão estar todos prontos no início de 2013. Desses 12, somente cinco deverão estar prontos até março de 2013”, declarou o presidente do Comitê Organizador, Ricardo Teixeira.
A situação de São Paulo requer mais atenção, e apenas a de Natal foi classificada como “inviável” para a Copa das Confederações.
Em Natal, a licitação só aconteceu em março e ainda será preciso demolir o estádio Machadão para construir a Arena das Dunas. A previsão é que as obras comecem em junho. Só que os estádios não são a maior preocupação do comitê organizador.
Muito pior é a situação dos aeroportos. A África do Sul, a 39 meses do Mundial, estava bem mais adiantada nesse setor. O Aeroporto de Johanesburgo, a principal porta de entrada e saída do país, começou a ser reformado cinco anos antes do Mundial.
No Brasil, os projetos ainda não decolaram. De acordo com números do site "Contas Abertas", com dados da Controladoria Geral da União e da Infraero, estava previsto um investimento de R$ 5,5 bilhões no setor, mas só foram utilizados 2,4% deste valor até fevereiro deste ano. Ou seja, R$ 132 milhões. Nos aeroportos de Salvador, Cuiabá e Porto Alegre, não foi gasto nem R$ 1 com reformas.
O ministro do Esporte, Orlando Silva, entregou um relatório à presidente Dilma sobre a situação de cada cidade-sede. “Eu visitei pessoalmente as 12 cidades, mapeei a situação de transporte, aeroportos, portos e estádios. O ritmo precisa crescer. Em 2011, nós concentramos o início de 70% das obras de mobilidade urbana. Por isso, é muito importante esse assunto e o cumprimento rigoroso do cronograma”, destacou o ministro do Esporte, Orlando Silva.
A Infraero declarou que o cronograma atenderá aos prazos estipulados para a Copa de 2014 e que os custos ainda estão baixos, porque a maior parte das obras nos aeroportos está em fase de execução de projetos.