Dilma fica ‘blindada’ contra protesto...


Publicação: 08 de Setembro de 2012 às 00:00
Brasília (AE) - A presidenta Dilma Rousseff ficou completamente blindada durante o desfile da Independência, na Esplanada dos Ministérios. O esquema foi cuidadosamente montado para impedir que Dilma fosse vaiada ou faixas de protesto pudessem ser vistas por ela. O temor era principalmente que funcionários da Polícia Federal e da Receita Federal, que ainda estão em greve, conseguissem furar o bloqueio e chegassem perto do palanque presidencial, a exemplo do que houve no ano passado.
Presidenta Dilma Rousseff chega acompanhada dos batedores para assistir, em Brasília, ao desfile das Forças Armadas
Desde a madrugada de ontem, seguranças da Presidência da República ocupavam e protegiam as arquibancadas montadas para o desfile, particularmente as que ficavam nas proximidades do palanque, para que não houvesse constrangimentos para a presidenta. Vaias, desta vez, só para o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), quando seu nome foi anunciado pelos microfones. “Vaias? Que vaias? Não ouvi”, desconversou ele, ao final do desfile.

A Presidência encomendou ainda que fossem colocados tapumes em toda a extensão da Esplanada, para que os protestos, que normalmente ocorrem na pista contrária ao desfile, não pudessem ser vistos ou ouvidos. Esta blindagem a Dilma, comandada pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), impediu que a população pudesse chegar perto dos palanques que, em sua maioria, estavam ocupados por servidores do Palácio do Planalto e seus familiares. Os convites foram restritos e as exigências para quem os receberia fizeram com que as arquibancadas, próximas ao palanque presidencial, não lotassem.

Dilma Rousseff chegou cedo ao local, em carro aberto, e às 9h13, o desfile já estava autorizado para começar. O neto Gabriel, de quase dois anos, chegou pouco antes com os pais, Paula e Rafael. Mas, ao contrário do ano passado, quando chegou a brincar com a faixa presidencial, desta vez, Gabriel sequer foi para o colo da avó e permaneceu por pouco tempo no palanque.

A determinação da presidenta de reduzir o tempo do desfile foi atendido, mas, mesmo assim, passou da hora prevista. Dilma mostrou-se impaciente muitas vezes, por causa de longos intervalos que ocorreram entre uma apresentação e outra. Inúmeras vezes ela foi flagrada esticando o pescoço para ver se conseguia enxergar, longe, a próxima atração do desfile. Um dos longos intervalos chegou a oito minutos.

Desta vez, Dilma sequer esperou o início da apresentação da esquadrilha da Fumaça, saindo antes que os aviões aparecessem. Às 11h05, estava deixando a Esplanada. Dezessete ministros acompanharam o desfile ao seu lado, além do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e do presidente do Supremo, Ayres Britto. O ministro Ricardo Lewandowski, revisor do processo do mensalão, no Supremo Tribunal Federal (STF), também estava no palanque presidencial.

Em uma das primeiras arquibancadas na Esplanada, próximo ao Ministério do Planejamento, bem longe de onde estava a presidenta Dilma, representantes do Sindicato dos Policiais Federais conseguiram ocupar o local para protestar. Além de gritar palavras de ordem contra o governo, os policiais federais vaiaram seus colegas que passaram desfilando. Este ano, o número de representantes da PF no desfile foi muito reduzido e passaram apenas de carro.

Antônio Cruz/ABrManifestante pedem limpeza no Congresso NacionalManifestante pedem limpeza no Congresso Nacional
Grito dos excluídos vai às ruas de São Paulo


São Paulo – Duas caminhadas fizeram parte das atividades do Grito dos Excluídos ontem na capital paulista. Um dos grupos, encabeçado pelas Pastorais Sociais, iniciou a programação com uma celebração na Catedral da Sé, no centro da cidade, por volta das 8h da manhã. O grupo coordenado pela Central de Movimentos Populares (CMP), por sua vez, concentrou-se na Praça Oswaldo Cruz, na região da Avenida Paulista, às 9h.

As atividades, que ocorrem há 18 anos sempre no Sete de Setembro em contraponto às comemorações oficiais, têm como objetivo reunir movimentos sociais e organizações populares para “denunciar à sociedade que ainda não somos independentes como deveríamos”, explica Paulo César Pedrini, coordenador da Pastoral Operária Metropolitana de São Paulo. Este ano, o Grito dos Excluídos tem como tema “Queremos um Estado a serviço da nação que garanta direitos a toda população!”.

Pedrini participou do evento que seguiu da Catedral da Sé para o Parque da Independência, no bairro Ipiranga. Após a caminhada, de aproximadamente cinco quilômetros, o grupo chegou por volta das 13h ao parque, onde a atividade foi encerrada com uma apresentação teatral sobre a independência brasileira.

“Escolhemos esse roteiro por ser uma questão simbólica. No mesmo local em que foi dado o grito da independência, vamos levantar novamente nossas vozes e exigir condições de vida digna”, declarou. Ele destacou que, em 2012, o Grito dos Excluídos está trazendo como um dos principais temas os impactos sociais provocados por grandes eventos. “As remoções de comunidades já estão ocorrendo nas cidades-sede da Copa do Mundo”, criticou o coordenador.

A sindicalista Nádia Gebara, da Ação e Organização Intersindical, acredita que o evento dá unidade às lutas sociais. “É um momento para agregar todas as reivindicações. Unimos todas as dimensões da luta pela vida: terra, educação, saúde, trabalho”, defendeu. A doméstica Maria Oliveira Cerqueira, 61 anos, participou pela primeira vez do Grito dos Excluídos para reivindicar, principalmente, moradia digna. “Moro em casa alugada. Meu sonho é que todo mundo já nascesse com o direito a ter uma casa garantido”.

Motivada por conquistas em relação à habitação, a babá Sedileibe Penteado, 49 anos, também resolveu participar do Grito dos Excluídos este ano. Ela acompanhou o grupo que partiu da Avenida Paulista em uma caminhada que durou aproximadamente uma hora em direção ao Momento às Bandeiras, próximo ao Parque Ibirapuera. “No Dia da Independência, lutamos para sermos independentes de fato. Ter nossa casinha, ter dignidade”, declarou.

Para Luiz Gonzaga da Silva, vice-coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), a atividade dá visibilidade às recentes conquistas sociais dos brasileiros, mas aponta que ainda há muito a avançar.

Bandeira Olímpica abre desfile no RJ

Rio de Janeiro - A novidade deste ano do desfile do Dia da Independência foi a passagem da Bandeira Olímpica, levada por guardas municipais. A cidade vai sediar os Jogos Olímpicos em 2016. O desfile começou, por volta das 9h30, com o acendimento da pira do Fogo Simbólico da Pátria.

Cerca de 9 mil pessoas entre civis, militares e ex-combatentes da Força Expedicionária Brasileira (FEB) participaram da comemoração, além de policiais militares e rodoviários federais, bombeiros, alunos da rede pública e de projetos sociais das comunidades com as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).

O governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes não compareceram ao evento, sendo representados por membros dos governos. Entre as autoridades presentes estavam o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Mário Sérgio Duarte; o secretário estadual de segurança pública, José Mariano Beltrame e a chefe da Polícia Civil, Marta Rocha. Mais de 5 mil pessoas acompanharam o desfile na Avenida Presidente Vargas, no centro da capital, conforme estimativa do Comando Militar do Leste.

O evento ainda teve 440 viaturas das Forças Armadas e 240 cavaleiros. Houve desfile de carros de combate - inclusive de veículos blindados da Marinha usados na ocupação do Complexo do Alemão, na zona norte da cidade - voos de helicópteros do Exército, aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) e da Associação dos Colecionadores de Veículos Militares Antigos.

Dentro da programação, navios partiram do Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste, por volta das 8h20 e cruzaram toda a orla até a Praia de Copacabana, na zona sul da cidade, seguindo depois para a Baía de Guanabara.

Santuário recebe militantes das pastorais

Aparecida (AE) - O Grito dos Excluídos, movimento que aconteceu simultaneamente em todo o Brasil, ontem, reuniu aproximadamente mil pessoas no pátio do Santuário Nacional, em Aparecida, a 181 km de São Paulo. Em sua 18ª edição, o Grito dos Excluídos teve um esvaziamento, que, segundo a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), deve-se a movimentos descentralizados em todo o País.

De acordo com o Bispo Dom Francisco Biasin, o esvaziamento não diminuiu a fidelidade e continua sendo ecoado pelo país. “Nosso maior desafio é ter esse grito na garganta dos jovens”, disse.

A fraca participação do público foi sentida por quem está acostumado a participar do movimento. Sérgio Adriano Barbosa, funcionário público, levou toda a família para participar do ato “Esta é a minha terceira vez aqui e realmente está menor”, comentou, afirmando que são importantes as manifestações contra a corrupção.

Participantes da 25ª Romaria dos Trabalhadores também se juntaram aos militantes do Grito dos Excluídos. Gerson Manoel dos Santos, pintor e coordenador paroquiano em Mauá (SP), disse que antigamente era mais fácil arrebanhar pessoas para a peregrinação, de cinco dias de São Paulo a Aparecida, e manifestar no pátio do Santuário.

“Continuamos lutando para que não esvazie, mas nesse ano só conseguimos vir em onze pessoas”, comenta Santos, ao dizer que a cada ano diminui o número de pessoas dispostas a participar das manifestações na cidade. Já a balconista Antonia dos Santos acredita que o esvaziamento do ato seja por conta do descrédito com os atuais políticos. “Também falta fé nas pessoas”, critica.

Marcha

A tradicional Marcha contra a Corrupção reuniu cerca de 8 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios, ontem, em Brasília. O movimento - liderado por estudantes e militantes de organizações não-governamentais ou mesmo pessoas sem vinculações com instituições - começou logo após o desfile de 7 de setembro. Ao longo do protesto, eles garantiam que não têm qualquer vinculação partidária

Com faixas e cartazes, os manifestantes pediam o fim do voto secreto e uma “faxina” no Congresso Nacional. O governador Agnelo Queiroz (PT-DF), vaiado durante a cerimônia oficial, também foi alvo do protestos. No ano passado, no auge da “faxina”, o ato reuniu aproximadamente 30 mil pessoas.

Durante a cerimônia oficial, duas ativistas do grupo Femen foram detidas. Sem blusa, as mulheres conseguiram driblar a segurança e defenderam direitos das mulheres. De acordo com a Política Militar, as duas foram levadas para a 5ª Delegacia de Polícia de Brasília.

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