Protesto termina em confrontos...

Salvador (AE) - Uma passeata em Salvador envolvendo cerca de 100 pessoas que protestavam contra a realização da Copa do Mundo no Brasil terminou em confronto e depredação. Manifestantes e policiais militares entraram em choque no fim da tarde. De acordo com a PM, cinco pessoas foram detidas e não há registro de feridos.
Joá Souza/Ag. a TardePoliciais militares isolam manifestantes, em Salvador, após depredações e conflitos e prendem suspeitos de atos violentosPoliciais militares isolam manifestantes, em Salvador, após depredações e conflitos e prendem suspeitos de atos violentos

O protesto começou, sob leve garoa, na Praça do Campo Grande, às 16h, mesmo horário da partida entre Holanda e Espanha, realizada a pouco mais de dois quilômetros dali, na Arena Fonte Nova. Em vez de tentar seguir para o local onde a partida era realizada, como nos protestos realizados em junho do ano passado, os manifestantes decidiram ir na direção do Farol da Barra, a cerca de três quilômetros da praça, mas no sentido contrário. O cartão-postal de Salvador é o palco das Fan Fests, organizadas pela Fifa, na cidade.

Quando os manifestantes chegaram ao alto da Ladeira da Barra, onde havia uma barreira policial no perímetro de segurança da festa, teve início o confronto. Para evitar o avanço dos manifestantes, policiais atiraram bombas de efeito moral na direção do grupo, que revidou atirando pedras contra os agentes de segurança. No meio da confusão, uma concessionária de veículos, localizada na área do confronto, foi apedrejada, teve vidraças quebradas e automóveis danificados.

Cinco pessoas foram detidas durante o confronto, que durou pouco mais de dez minutos e foi concluído pouco depois das 17 horas, quando a chuva apertou, causando a dispersão dos manifestantes. Ao fim do protesto, os policiais ainda revistaram as pessoas que haviam participado do movimento e seguiam no local.

Críticas 
Ontem, a ministra Ideli Salvatti, da Secretaria de Diretos Humanos (SDH) da Presidência da República, classificou como “desnecessária” e “inadequada” a ação policial na repressão aos protestos contra a Copa do Mundo em dez das 12 cidades-sede, nesta quinta-feira, 12, mesmo dia do jogo de abertura do Mundial

Na manhã de ontem, durante apresentação das ações de enfrentamento à violência contra crianças e adolescentes na Copa do Mundo, ela citou o caso de São Paulo, onde um manifestante “subjugado” foi detido por policiais e recebeu spray de pimenta nos olhos.

De acordo com a ministra, há um protocolo de atuação que deve ser seguido pelas forças policiais e de repressão federais, estaduais e municipais e os governos estão preparados para acompanhar “excessos que aconteçam de ambos os lados”. “Vamos (a SDH) adotar os procedimentos necessários para que esse tipo de evento não se reproduza.”

Para Ideli, os protestos foram “aquém das expectativas”, já que, somando-se todos os atos, “o número de manifestantes não ultrapassou 4 mil pessoas, face aos milhões de brasileiros e turistas que participaram do evento esportivo, com caráter de confraternização entre os povos”.

Conflitos 
A ministra também citou a ação policial na Radial Leste, via de acesso à Arena Corinthians, em São Paulo, onde houve confrontos entre manifestantes e policiais e prisões. A ministra garantiu que “o direito de manifestação é absolutamente preservado”, porém, “não é permitido depredação de patrimônio ou impedir a movimentação de outras pessoas”.

A ministra também comentou o processo de “higienização social” denunciado pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ), de que, com a aproximação da Copa do Mundo, a Prefeitura estaria retirando moradores de rua de centro, Lapa, Copacabana e Maracanã, áreas de grande circulação de turistas. “Eu não posso dizer que isso não esteja acontecendo, mas estamos mobilizados para impedir que ocorra.”

Ela garantiu que existe um protocolo “para impedir, evitar e combater” ações compulsórias para retirada dos moradores de rua e ressaltou que há “um viés de raça e classe social nos índices de violência” no Brasil.
Tribuna do Norte
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