Representantes da categoria falam que investimentos e planos de segurança são apenas para aparecer na mídia
Diego Hervani
Repórter
Novas viaturas e equipamentos, grandes operações e promessa de planos de segurança. Nas últimas semanas o Governo tem anunciado diversas ações para tentar diminuir os índices de criminalidade no Rio Grande do Norte, principalmente em Natal. Os arrastões e assaltos a ônibus têm sido os principais “alvos” da Secretaria Estadual de Segurança e Defesa Social (Sesed). Porém, mesmo com tudo o que tem sido divulgado, os bandidos não têm se inibido. Para os sindicatos de policiais, enquanto não houver um grande investimento nas corporações, a situação não irá se modificar.
Segundo Djair Oliveira, presidente do Sindicato dos Policiais Civis e Servidores da Segurança Pública do RN (Sinpol-RN), a categoria não tem a estrutura necessária para conseguir diminuir a violência. “Nesses quatro anos de Governo, a Polícia Civil foi massacrada. Precisamos de uma reformulação geral na Polícia Civil, que hoje está sucateada. Isso gera impunidade para os bandidos, pois a PC não tem como fazer o trabalho direito. A impunidade gera mais crimes, pois os bandidos sabem que ficam impunes. Além disso, tem a questão dos baixos salários. Tem policial civil pedindo dispensa para trabalhar em outra profissão. A população está colhendo o fruto da falta de investimento”, destacou.
O presidente do Sinpol-RN também criticou a “nova” Delegacia de Homicídios (Dehom), que ele disse ser apenas para “aparecer na mídia”. “Eles (o Governo) aumentaram o efetivo na Dehom, que agora funciona 24 horas por dia. Porém, para aumentar esse efetivo, eles tiraram policiais de outras delegacias. As delegacias distritais, que são as que efetivamente atendem a população, fecham durante o período da noite e nos finais de semana por falta de efetivo. Em Felipe Camarão, um dos bairros com maior incidência de crimes, a delegacia tem apenas quatro policiais. Os crimes, em sua maioria, estão relacionados ao consumo de drogas e não existe um plano para isso. Uma vergonha”.
Em relação aos planos de segurança para o combate aos assaltos a ônibus e estabelecimentos comerciais, o soldado Roberto Campos, presidente da Associação de Cabos e Soldados da PM do RN (ACSPM-RN), afirmou que muitos PMs estão receosos em participar dessas operações. “Para essas operações, o horário de trabalho de algumas unidades foi aumentado. Com isso o Governo tem que pagar diária operacional. Mas os policiais sabem que o Governo não paga. Até hoje os policiais que trabalharam na Copa do Mundo e no Fifa Fan Fest não receberam as diárias operacionais. Além disso, todo mundo sabe os horários e onde mais ocorrem assaltos a ônibus, mas foi preciso um motorista ser morto para alguma coisa ser feita”, frisou Roberto, que ainda criticou a falta de efetivo da PM do Estado.
“Esse negócio que vão colocar um Policial Militar à paisana nos ônibus é pura falácia. A PM não tem efetivo suficiente para colocar os policiais nas ruas, imagine colocar policiais dentro dos ônibus. Outra coisa, como já temos experiência em operações como essas, sabemos que essas abordagens acontecerão por um período e depois não irá mais acontecer”.
No que diz respeito aos investimentos, os sindicatos têm visões “um pouco” diferentes. “O Governo fala muito de investimento, mas até agora a Polícia Civil não viu nada de diferente. Para a Copa do Mundo recebemos 50 viaturas, mas temos mais de 100 delegacias, o que não mudou muito. Não houve distribuição de novos coletes, ou seja, os policiais ainda estão usando coletes vencidos. As munições também estão vencidas”, frisou Djair Oliveira.
“O secretário (Eliéser Girão) já vem falando há algum tempo que fez investimentos na Polícia Militar. Mas esses investimentos só começaram a chegar agora. Então como a criminalidade iria diminuir sem que a PM tivesse os equipamentos necessários? Chegaram viaturas e algumas outras coisas, mas ainda é insuficiente. Vamos esperar para saber se isso irá continuar”.
Área turística terá Monitoramento 24h
O trecho de 25 quilômetros do litoral natalense terá praticamente 24 horas de policiamento ostensivo em todo o trecho. A decisão foi tomada nessa quarta-feira (20), em reunião articulada pela Secretaria de Estado do Turismo do RN (Seturn) para apresentação do plano de monitoramento na área de interesse turístico da capital, idealizada pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesed).
A orla urbana da capital foi dividida em macro e micro-áreas, cada uma com um diagnóstico de atuação. Os trechos compreendem a Fortaleza dos Reis Magos até o início da Via Costeira; da Via Costeira até o Centro de Convenções; e do CCN até o Morro do Careca. E ainda micro-áreas nas praias de Areia Preta, do Meio, Artistas e do Forte, na orla de Ponta Negra e Vila de Ponta Negra. Cada uma terá um tipo de operacionalização diferente, adequado ao trecho.
Outras áreas de interesse turístico, a exemplo do trecho Tirol-Petrópolis (polo gastronômico), a avenida Salgado Filho (decorrente do aumento de assaltos neste corredor) e o conjunto Capim Macio (considerada área de lazer) foram incorporadas à área de interesse turístico, totalizando 40 quilômetros de área monitorada. Para isso, rondas de motocicletas, cavalaria, postos estratégicos fixos e volantes e ainda 14 viaturas farão o policiamento. A maioria desse percurso terá patrulhamento 24 horas, com efetivo intensificado em horário de maior perigo.
Esse planejamento terá ainda suporte da aeronave da Polícia Militar, do Centro de Comando Móvel e do Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp). Segundo o titular da Sesed, Eliezer Girão, o Corpo de Bombeiros termina nesta quinta-feira (21) outro planejamento focado na rede hoteleira. Durante a reunião também foi sugerida a integração de um monitoramento privado das empresas associadas à Associação de Bares e Restaurantes (Abraasel) ao Ciosp.