Em protesto, rodoviários cobram mais segurança
Pedro Andrade *repórter
Rodoviários do transporte público de Natal pararam as atividades durante a manhã de ontem, das 7h até às 13h, concentrando os veículos nas proximidades da Praça Augusto Severo, no bairro da Ribeira, e próximo ao cruzamento das avenidas Bernardo Vieira e Prudente de Morais. A manifestação foi provocada pela morte de um motorista da linha 08, São José de Mipibu-Natal, na noite da sexta-feira passada.
Cobrando as autoridades por mais segurança no transporte público, trabalhadores ameaçam uma nova parada para amanhã, dia 18. Na manhã de ontem, o trânsito ficou lento e confuso próximo aos locais onde os ônibus estavam reunidos.
A frota de veículos começou o dia de ontem normal, mas nas primeiras horas o serviço foi interrompido, enchendo as ruas com passageiros que tiveram o trajeto interrompido. A paralisação foi organizada por um grupo de trabalhadores, sem relação com a diretoria do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário do Estado (Sintro/RN).
Os passageiros precisaram seguir a pé rumo ao trabalho, ou às áreas comerciais. Nas ruas, as opiniões eram diversas e divergentes. Enquanto uns afirmavam que “era melhor nem ter saído da garagem”, outros apoiavam a parada. Cristina Gonçalo, que trabalha como empregada doméstica, é uma das pessoas que tiveram sua viagem de casa para o trabalho interrompidas.
“Estava indo de casa, no bairro Nordeste, para a casa onde eu trabalho, em Cidade Satélite. Minha patroa já tá sabendo da paralisação, agora vou dar um tempo pra ver se volta a passar” (sic), disse.
A consultora de vendas Hevelyne Xavier não conseguiu abrir a loja onde trabalha, em um supermercado em Ponta Negra. “Cheguei às 9h na parada e não estava passando ônibus. Fui para casa para dar um tempo, voltei às 11h e até agora nada”, disse por volta das 11h30. Edna Pereira de Melo, assistente de serviços gerais em uma escola, chegou às 11h na parada da av. Bernardo Vieira próximo à Prudente, mas discorda da paralisação por algumas horas. “Deviam parar um mês inteiro. Quando para só algumas horas só atinge a gente que anda de ônibus. Quando é por mais tempo, atinge mais pessoas e a cidade sente”, avalia.
Já a diarista Francisca da Cruz Silva, perdeu seu dia de trabalho. Ela ia do bairro Nordeste para Candelária e antes de pegar o segundo ônibus do trajeto o percurso foi interrompido pela manifestação. “Desde as 7h estou aqui, esperando. Avisei que não ia poder ir, mas perdi um dia de trabalho. Agora vou na segunda, mas muda os dias das outras casas”. Assim como Francisca, o pintor Aldair Alves Feitosa, que trabalha em uma construtora, perdeu seu dia de trabalho. “Quando o ônibus parou já estava perto do trabalho. Fui lá, mas estava fechado porque ninguém conseguiu chegar. E agora, que vai pagar nosso dia de serviço?”, reclama.
No início da parada dos ônibus, houve tumulto no cruzamento da Prudente com a Bernardo Vieira. Houve discussões entre motoristas e passageiros, bem como com motoristas dos outros veículos que tentavam passar pelo encontro de duas das avenidas mais movimentadas da cidade. Uma viatura da Polícia Militar permaneceu no local e, depois foi substituída por duas da Polícia Montada, que acompanharam para evitar novos tumultos. Os rodoviários participantes cobram medidas da secretaria de Segurança Pública do Estado voltadas ao transporte e ameaçavam uma nova parada para esta segunda-feira, mas até o fechamento deste edição, não foi confirmada. Agentes da Semob estiveram no local para fazer relatório dos veículos que estavam parados.
Reveja outros casos
Em 24 de abril de 2014, a categoria realizou uma paralisação que durou 2h devido a mais um ato de violência contra um motorista. Na ocasião um motorista da linha 22, da empresa Conceição, levou uma facada no queixo durante um assalto e o criminoso conseguiu roubar cerca de R$ 40,00 e não foi preso. A categoria justificou o ato como um protesto contra a violência nos transportes públicos.
Em 17 Julho de 2013, os motoristas e cobradores dos transportes públicos de Natal paralisaram as atividades. A categoria justificou o ato como um protesto contra a violência nos transportes públicos. Eles alegaram que nas últimas 72 horas tinha ocorrido 13 assaltos a ônibus em Natal.
O motorista esfaqueado durante um assalto a ônibus na noite da agosto de 2014 foi o estopim para que os profissionais do transporte urbano de Natal paralisassem os trabalhos. Os ônibus ficaram parados em diversos pontos da cidade e pretendem fazer uma carreata até o Centro Administrativo do Estado para entregar uma pauta de reivindicações à governadora Rosalba Ciarlini.
Em Julho de 2012, motoristas e cobradores de ônibus também pararam as atividades em Natal. A paralisação foi de advertência em virtude da constante onda de assalto aos ônibus na capital e Grande Natal.
(*) Colaborou Aura Mazda
Tribuna do Norte