
Enquanto ria com o
presepeiro dono da oficina que instalou a placa, deparei-me com um policial
militar de Natal, ele é da Força Tática, um soldado experiente e combatente das
fileiras da PM há 15 anos. O sujeito apertou minha mão, disse que me
acompanhava nas reportagens da rádio e da TV, mas queria me fazer um pedido, na
verdade, pedir-me um apoio para que as diárias operacionais atrasadas desde a
Copa do Mundo fossem cobradas.
Confesso que por
um instante não creditei que esse pagamento prometido e garantido em diversas
entrevistas com o Governo ainda estava pendente, mas estava. Lembro que no
tempo da Copa a cobrança por segurança foi forte, tinha polícia por toda parte,
até na esquina da minha rua, no subúrbio elegante de Nazaré, tinha polícia. Não
esqueço também que por várias vezes atendi telefonemas de praças que
trabalharam no estádio Arena das Dunas me relatando que a única refeição do dia
era um cachorro-quente frio e uma Coca Cola.
O policial
conversou comigo ainda uns dois minutos, desejou-me boa sorte e foi embora. Eu
continuei descendo o paredão concentrado em duas coisas: primeiro, em descer
devagar e com atenção, pois morro de medo de altura e aquilo é alto pra
caramba; e a outra coisa que pensava era o desabafo do soldado. Quando sentei
em uma cadeira de barraca de sombra boa e pedi aquela velha dose de água
ardente gelada, viajei.
Às vezes, é muito
mais fácil confiarmos em extraterrestres no prego no meio do espaço que
acreditarmos em promessas não cumpridas, em palavras proferidas ao vento que
tiveram só um efeito, deixar uma tropa inteira com o pé atrás. O Carnatal vem
aí! Vamos pra Pipa? Ah, esqueci, meu colega PM contava com as DOs das eleições
e do ENEM, mas essas necas de pitibiriba!
Portal BO