Escrito por ANASPRA - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PRAÇAS Qui 09,
2015
A proibição de
se sindicalizar e de fazer greve foi questionada pelo deputado estadual Marco
Prisco (BA) como um exemplo de que a Constituição Federal de 1988 excluiu os
policiais e bombeiros militares de direitos básicos. “Não poder criar sindicato e
fazer greve significa dizer que não somos cidadãos, que temos uma Constituição
que não serve para a gente, porque não nos abarca como cidadão e como
trabalhador”, disse, durante o debate sobre “sindicalismo fardado” –
na tarde de quinta-feira (24/9) – como parte da programação do 11º Encontro
Nacional de Entidade de Praças (Enerp), em Manaus.
Para alcançar o
direito de sindicalização e de greve, o deputado Prisco defendeu,
veementemente, a desmilitarização das forças de segurança pública. Ele entende
que o militarismo “não forma ninguém, adestra, é um deformador de cérebro”, por
isso tem que ser abolido para se permitir a entrada do sindicalismo no âmbito
dos corporações militares. “Nosso maior desafio é conscientizar nosso
pessoal para fazer a luta sindical, pois ele é um cidadão”, afirmou ao
também solicitar a busca da aproximação dos movimentos estudantil e sindical.
Atualmente,
explica Henning, as associações de praças e seus movimentos reivindicatórios
têm mais autonomia de ação do que a maioria dos sindicatos do Brasil. O que é
uma situação contraditória, já que aos militares não é permitida a
sindicalização. “Somos um movimento híbrido, quando atuamos como sindicato e como
movimento social, na medida em que lutamos por direitos humanos, como o direito
de expressão, já que os demais sindicatos já tem esse direito”,
explicou.
No mesmo
sentido, o diretor Regional Nordeste da Anaspra e da Associação dos Bombeiros
Militares do Rio Grande do Norte, o soldado Rodrigo Maribondo Nascimento
questionou se é interessante a sindicalização com esse tipo de modelo de
sindicato em vigor. Ele também defendeu a luta pela unicidade de representação
da categoria dos militares estaduais, tendo em vista que a categoria é divida,
em cada Estado, em diversas entidades.
A
desorganização e a pulverização das associações dos militares estaduais se
deve, de acordo com o professor Cesar Augusto Bubolz Queirós, coordenador
acadêmico do Curso de História (UFAM), ao resquício do último período ditatorial
no Brasil. Após golpe cívico-militar, recorda o professor, houve uma intensa
violação dos direitos humanos contra os próprios militares e um processo de
limpeza ideológica contra o associativismo dos militares. Isso tudo se reflete
atualmente na desorganização e baixa mobilização atual dos policiais e
bombeiros militares. Na atualidade também, reflete o acadêmico, a ideologia
dominante faz crer que existe um pensamento único entre os militares e se “esquece”,
propositalmente, que existe uma farta heterogeneidade de pensamento entre os
militares.
Fonte: ANASPRA www.anaspra.org.br