O Rio Grande do Norte registrou aumento de 18,1% dos crimes letais em 2016, revela relatório da Secretaria de Segurança Pública e da Defesa Social (SESED).
Foram 1.979 delitos desse tipo no ano passado frente a 1.667 em 2015.
Conforme os dados do governo, 68,8% desses crimes têm como causa maior a ação do tráfico de drogas. Além disso, nada menos que 87,1% deles envolvem armas de fogo, o que representa uma grave ameaça à população.
Para os profissionais da área, as informações constatam a necessidade urgente da realização do concurso público previsto para a Polícia Militar. O último certame realizou-se em 2005, há quase 12 anos.
Com infraestrutura precária e principalmente grave déficit de pessoal, a PM potiguar enfrenta desafios diários face à tamanha demanda.
Nas estatísticas, o RN se divide em quatro áreas: Leste, Oeste, Agreste e Central.
Embora a terceira região mais violenta em números absolutos, o Agreste se tornou a que apresentou mais crescimento dos crimes letais no ano passado: 32,5% a mais – quase o dobro da proporção estadual.
Segundo Guinaldo Lira, presidente da Associação de Praças da Polícia Militar da Região Agreste do RN (ASSPRA PM RN), ao déficit de pessoal consequente da ausência de concurso, acresce-se a ”fuga” de policiais do interior.
“Não adianta fazer um concurso com 200 vagas para Nova Cruz e, daqui a um ano, ser reduzido para 50, que foi o que aconteceu no último concurso”, afirma.
Para o dirigente, seria preciso obrigar o PM a permanecer por pelo menos cinco anos na região para a qual prestou as provas. Não raras vezes, consegue-se a transferência para localidades com municípios maiores logo após o curso de formação.
No Agreste, há 500 profissionais em atuação na Segurança Pública; a carência chega a quase mil homens.
Os números são idênticos à região de Mossoró, localizada no Oeste Potiguar, a segunda mais violenta do estado, atrás apenas da região Leste: 500 PMs e carência de cerca de mil.
O Seridó demonstra bem a influência da quantidade de profissionais para o enfrentamento da violência. Situada na região Central, esta área geográfica constitui a menos violenta do RN, com pouco mais de 100 crimes letais praticados em 2016. Ademais, foi a única a reduzir a quantidade de delitos, em 14,5%.
Embora menos populosa, a área apresenta maior quantidade de homens: 650. Seus números mostram-se favoráveis à realidade potiguar; ainda assim, demandam grande reforço.
”Precisaríamos de mais uns 800 PMs, ajudaria muito”, afirma Josivan Rangel, presidente da Associação de Praças da Polícia e Bombeiros Militares do Seridó/RN (APBMS).
O concurso para PM do RN estava previsto para ocorrer em 2016, mas está preso em trâmites burocráticos na Assembleia Legislativa, juntamente com o dos bombeiros militares. Trata-se de uma das maiores demandas das associações. É possível haver previsão para até 2 mil vagas em todo o estado.
Obs.: os gráficos apresentados nesta matéria foram elaborados pela SESED/RN.